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É doce mas não é mole: A trajetória da Rapadura Records

Atualizado: 19 de set. de 2020


Uma festa açucarada. Foto por: Cint Murphy



O punk e o movimento D.I.Y. são grandes inspirações para aqueles que escolhem não depender de grandes gravadoras ou produtores para lançarem seus projetos. A Rapadura Records surgiu exatamente para possibilitar com que bandas autorais do interior pudessem mostrar suas músicas ao mundo sem dependerem de meios caros e urbanos demais.



Quando a ideia do selo foi discutida por um grupo de amigos de São João del Rei, o mais novo não havia completado 18 anos. Éramos (ainda mais) jovens dispostos a movimentar a cena de rock independente de uma cidade interiorana.



Com a ajuda de alguns amigos como Loot e Bernardo, fomos aprendendo sobre produção de eventos e mixagem, mas também aprendemos muita coisa na garra como autodidatas, dividimos funções e crescemos juntos.



Juliana e Igor com os cartazes do primeiro evento

O primeiro evento que participamos, importante para nos dar um pouco mais de visibilidade enquanto produtora cultural, foi feito em parceria com Luís Couto e Loot. Recebemos a Devise e a Selvagens à Procura de Lei no Cantinho da Canja, no dia 2 de junho de 2017.



Quase dois meses depois nós finalmente fizemos nosso primeiro evento oficial, o Rapadura Sessions, produzido totalmente por nós. No dia 21 de julho, recebemos a banda belo horizontina Roboto (composta por Breno, Rafael e Bernardo) e, junto com a nossa ex-Rebelde Sem Calça (hoje Remédio Sem Causa). A imagem abaixo é do nosso primeiro flyer, feito por Bernardo Berg.



Nosso primeiro flyer, feito por Bernardo Berg.


Juliana e Igor com cartazes do segundo Rapadura Sessions

Em setembro, fizemos o evento de pré-lançamento do EP da RSC, Sobre a Sociedade e acolhemos a banda paulistana In Venus (formada por Cinty, Patrícia, Rodrigo e, na época, Camila). Também co-produzimos um evento com as bandas Noise More Bleed (Barroso/São João del Rei) e Malespero (Divinópolis).



Para encerrarmos as atividades de 2017, fizemos o segundo Rapadura Sessions, com Miêta (BH) e nossa RSC.



Seguimos com a produção de eventos nos anos seguintes, sempre com a intenção de movimentar o cenário musical sanjoanense, convidando bandas de São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, entre outras cidades. Por aqui passaram Aura, Mudhill, Jota Quércia e Oxy.



Quanto aos artistas que compõem o selo, atualmente temos conosco as bandas Remédio Sem Causa, Captain Lopes and the Crazy Toads, Jota Quércia, Tiago Trotta e Sonisférico. Foram lançados 6 singles, 2 EP's e 2 álbuns. Seguem abaixo as capas de alguns desses lançamentos (em ordem: RSC - Paranóia; RSC- Sobre a Sociedade; Jota Quércia - Memes against the machine; Tiago Trotta - Crayon Drawing; Capt. Lopes and the Crazy Toads - Message; RSC - Baritimia).






Juliana recortando cartões de divulgação

Tudo o que fizemos nesses três anos de selo sempre foi feito autenticamente por nós: os cartazes (feitos pelo Igor); a divulgação; as fotos dos eventos (feitas pela Juliana); o suporte nos streamings incluindo Spotify (feito pelo Vinícius); a produção dos shows e o contato com bandas de outras cidades; e agora esse site, onde postaremos futuros lançamentos, histórias das nossas bandas favoritas, resenhas de discos e muito mais.






Para finalizar esse breve histórico, segue "nosso duro e doce MANIFESTO", escrito por Kelvin Matheus em 2017, para marcar a origem do selo e nossas intenções:




"Rapadura é tosca, dura, difícil de comer: fervida em altíssimas temperaturas de um açúcar extraído por trabalhadores das mais desvalorizadas camadas da sociedade. Vem em embalagens transparentes e econômicas, que não escondem sua feiura, sem a pompa de doces como Hersheys e Nutellas da vida. Doces superproduzidos, comprados tanto aqui quanto na Terra de Trump. A Rapadura está por toda a América Latina e chegou até na Índia. Ela está atrelada a ex-colônias com um histórico de sangue e opressão. A Rapadura era usada para matar a fome de viajantes em difíceis tempos pré-globais, quando açúcar era uma necessidade de difícil conservação.


A rapadura é também um dos únicos doces tão duros que você pode usar pra machucar alguém de verdade.


Em São João del-Rei, Minas Gerais, no distante futuro de 2016, um grupo de jovens se sentiam incomodados com as coisas que não podiam controlar. As tensões apocalípticas, os absurdos políticos que beiram a paródia, a agonia de tentar ser autêntico e encontrar a sua identidade em uma sociedade plástica, a repressão do entusiasmo por medo do desprezo dos céticos. A única coisa que podiam fazer para segurar essa agonia era arte, eles se colocaram em função disso. A história se repete.


A Rapadura Records existe por querer existir. É um projeto de jovens inexperientes que amam música e arte em geral. É uma bandeira erguida pelos esquisitões quietinhos que não caíram muito bem em nenhuma das estéticas já estabelecidas de contracultura. A Rapadura é eclética: todos os gêneros tem espaço. Você não precisa nem saber tocar nenhum instrumento, só precisa acreditar de verdade no que está fazendo e ter uma atitude parecida. A Rapadura é um orfanato, ou um daqueles projetos residenciais muito loucos de artistas vivendo em comunidades sustentáveis, escolha a imagem que você quiser, o importante é o sentimento de convivência.


Antes de tudo, somos apenas humanos."

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