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Garotas pra frente: celebrando as músicas do Riot Grrrl


Texto original, imagens e curadoria por Chloe Catajan para o site Last.fm como parte da comemoração do mês da mulher, publicado em 11 de março de 2021.

Tradução feita por Juliana Trevisan, com autorização da autora.



"Todas as garotas pra frente"

Uma vez ditas por Kathleen Hanna da banda Bikini Kill, essas palavras se tornaram o lema para apoiadoras(es) e fãs do movimento Riot Grrrl. O pedido de Hanna era simples: dar espaço às garotas em shows e gigs punks, mas suas palavras propiciaram mais do que um simples espaço para que as meninas pudessem se divertir nos shows, elas ecoaram as intenções do Riot Grrrl como uma todo, estimulando mulheres a ocupar espaços em comunidades que muitas vezes as silenciaram.



O Riot Grrrl surgiu no início dos anos 90 como uma resposta ao sexismo na cena punk, claramente masculina. Constantemente incomodadas pela presença de "beergutboyrock" (expressão usada para denominar aquele rock machista e escroto) e egos masculinos, jovens feministas se uniram para formar sua própria esfera criativa - um espaço seguro onde suas vozes e experiências seriam ouvidas, sentidas e compreendidas.



As fanzines feitas à mão e a música eram alguns meios de expressão utilizados pelas Riot Grrrls. Ambos abriam espaço para discussões acerca de questões sociopolíticas que vão desde desigualdade racial à assedio sexual, permitindo com que as mulheres se conectassem umas com as outras, se sentissem empoderadas, e criassem um senso de comunidade. Na medida em que o movimento foi ganhando espaço e força, a literatura e as letras passaram a soar cada vez mais como hinos feministas que refletiam o poder das mulheres.


O auge do movimento foi nos anos 90, mas o espírito do Riot Grrrl permanece vivo. Com mais mulheres em shows e bandas engajando um discurso similar e ainda muito relevante, as Riot Grrrls modernas continuam a sustentar esta conversa através da música. Elas também levam as discussões a um outro patamar, preenchendo os espaços de interseccionalidade que não era abordada pelo movimento inicial, como questões de raça.


Diante dos hinos contemporâneos essenciais, considere este texto seu starter pack para os sons do Riot Grrrl. Não é algo permanente mas nós esperamos que te inspire a adicionar novas vozes e diferentes histórias em suas audições diárias. Aumenta o volume!


Bikini Kill, “Rebel Girl"


Uma das bandas fundadoras do Riot Grrrl, a Bikini Kill levou o movimento pro outro lado do nordeste pacífico através de suas zines e sua música vibrante e arrojada. A música da banda de Washington "Rebel Girl" incorpora toda a missão do movimento de apoiar garotas e o amor entre garotas, tornando-se o recorte mais puro do Riot Grrrl.



Bratmobile, “Cool Schmool"


Também originária de Washington, Bratmobile foi uma das bandas fundadoras do Riot Grrrl ao lado de Bikini Kill. Suas músicas mesclavam punk e surf rock, trazendo um toque groovy à cena. "Cool Schmool" expressa essa assinatura sonora enquanto rejeita diretamente as expectativas da sociedade acerca das mulheres, de padrões de beleza à modos de agir e se comportar.



Babes In Toyland, “Sweet '69"


Kathleen Hanna menciona a vez que viu Babes In Toyland ao vivo como inspiração para criar a Bikini Kill. Babes In Toyland abrange temas do pensamento feminista em vocais estrondosos e riffs estourados. Apesar das diferenças políticas, foi a habilidade do trio de Minneapolis em tomar o palco e criar um estilo totalmente próprio que fez com que as tornou propulsoras do movimento Riot Grrrl.



Honey Bane, “Girl On The Run"


Parte da compreensão de um movimento, ou até de um subgênero musical, envolve ir a fundo às suas raízes. Como a Babes In Toyland, Honey Bane influenciou a idealização do Riot Grrrl. Ela foi uma voz importante na cena punk inglesa dos anos 80 e até seus lançamentos com um teor mais pop tinham mensagens implícitas de não conformidade às ideias normativas. Entre linhas de baixo dilaceradoras e melodias explosivas, músicas como "Girl On The Run" busca pressionar o status quo.



Tamar-Kali, “Boot"


O movimento Riot Grrrl acabou sendo pouco representativo para mulheres de cor/não brancas. Em resposta a isso, Tamar-Kali fundou o Sista Grrrl Riots para propiciar uma comunidade musical para artistas pretas(os/es) nos anos 90. Sista Grrrl Riots trouxe aos palcos bandas lideradas por mulheres negras, estimulando um ambiente de visibilidade e inclusão. A exuberância de Tamar-Kali atrelada às melodias derivadas do punk agiram como uma força condutora não só para o Sista Grrrl mas também para a cena Afro-Punk de modo geral.



Emily's Sassy Lime, “Mr. Moneybag$"


Num estilo verdadeiramente Riot Grrrl, Wendy e Amy Yao, e Emily Ryan decidiram formar a Emily's Sassy Lime depois de terem ido a um show da Bikini Kill e Bratmobile em meados dos anos 90. O trio ásio-americano do sul da California criou músicas que resumem bem a ideia de sororidade. Elas completam a letra uma da outra, tocam os riffs das outras, e revezam os instrumentos com frequência. Uma das preferidas dos fãs, "Mr. Moneybag$", incorpora aquele sensação despreocupada de espontaneidade.



Honeychild Coleman, “Bereket Window"


Seja como líder do grupo de blues-punk The 1865 ou em sua carreira solo, Honeychild Coleman é uma das vozes que lidera o movimento Sista Grrrl ao lado de Tamar-Kali. A artista do Brooklyn escreve músicas ricas em guitarras melódicas e vocais poéticos, como "Bereket Window" demonstra de forma tão graciosa.



Calico Fray, “Pink Mess"


Inserida na nova geração de Riot Grrrls está Calico Fray. O trio leva o Riot Grrrl à cena punk de Montreal e também traz visibilidade trans ao movimento. Músicas como "Pink Mess" são bastante confessionais, rebeldes, e trazem um fuzz grunge abundante.



Ugly Girls, “Cellulite Riot"


O Riot Grrrl foi inserido na cena punk de Xangai graças à Ugly Girls. Afiadas, incisivas e sinceramente irônicas, suas músicas têm como bagagem o feminismo dos anos 90, com uma pitada de diversão. O lançamento do quarteto em 2017, Welcome To The Suck, aborda temas como imagem corporal e estruturas de poder corporativo pela perspectiva de alguém "esquisito" e "sem graça". Mas o resultado final divertido e notável é só mais um motivo para torcer pelo excluído.


PJ's at Punkphie's, “No Me Hagas Querer Hacerte Brujeria"


Três amigas chamadas Sophie, Sofía e Sofi trouxeram mais punk e feminismo para o México. Juntas formaram o PJ's At Punkphie's. O primeiro álbum, Sugar Spice, I'll Kick Your Ass!, é uma demonstração de tudo o que o trio apoia. Com melodias divertidas, suas composições abordam de forma clara a masculinidade tóxica e outros assuntos predominantes que nos afetam enquanto mulheres.



Big Joanie, “Fall Asleep"


Stephanie Phillips, Estella Adeyeri e Chardine Taylor-Stone do Big Joanie estão construindo o caminho para bandas punk formadas por pessoas negras na cena musical britânica. Desde à mentoria no Girls Rock London até a cooperação para lançar o Decolonise Fest (o primeiro festival britânico para punks de cor/racializados), o trio britânico promove um espaço onde o punk é acessível para todas as comunidades. Suas ações refletem as próprias intenções com a Big Joanie, que elas descrevem como um veículo para criar sem desculpas e ampliar suas experiências como mulheres negras.



The Linda Lindas, “Monica"


Talvez você reconheça The Linda Lindas do novo filme da Netflix "Moxie: Quando as Garotas vão à Luta", em que a banda se apresenta em um comício liderado por um clube feminista. Na vida real, o palco do quarteto punk metade asiático metade latino é igualmente foda. Embora recentes na cena musical de Los Angeles, The Linda Lindas já dividiu os palcos e as contas com bandas como Best Coast, The Dils e Bikini Kill. Sua música atinge o ouvinte como uma onda súbita de energia, combinando uma vibração pop com o ritmo rápido do punk. Dá uma ouvida em "Monica" - provavelmente a letra mais legal sobre um gato siamês já feita.



The Regrettes, “California Friends"


Muitas vezes considerada umas das precursoras na retomada do Riot Grrrl, The Regrettes é um grande exemplo quando se trata de falar com sinceridade e sem desculpas. O show delas é cheio de energia - adequado para seus hinos punk-heavy sobre vestir e expressar suas emoções com orgulho. A apaixonante "California Friends" como uma carta aberta de amor à Lydia Night e aos amigos da equipe coloca esses sentimentos direto em ação.



Pra ouvir estas e outras bandas, confira a playlist feita por Chloe:


Big Joanie é a banda que ilustra a capa desta matéria.

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